segunda-feira, 18 de abril de 2011

Pré-Modernismo





Pré-Modernismo

O pré-modernismo deve ser situado nas duas décadas iniciais deste século, até 1922, quando foi realizada a Semana da Arte Moderna. Serviu de ponte para unir os conceitos prevalecentes do Parnasianismo, Simbolismo, Realismo e Naturalismo.
O pré-modernismo não foi uma ação organizada nem um movimento e por isso deve ser encarado como fase.
Não possui um grande número de representantes mas conta com nomes de imenso valor para a literatura brasileira que formaram a base dessa fase.
O pré-modernismo, também conhecido como período sincrético. Os autores embora tivessem cultivado formalismos e estilismos, não deixaram de mostrar inconformismo perante suas próprias consciências dos aspectos políticos e sociais, incorporando seus próprios conceitos que abriram o caminho para o Modernismo.Essa foi uma fase de uma grande transição que nos deixou grandes jóias como Canaã de Graça Aranha; Os Sertões de Euclides da Cunha; e Urupês de Monteiro Lobato.
O que se convencionou em chamar de Pré-Modernismo, no Brasil, não constitui uma escola literária, ou seja, não temos um grupo de autores afinados em torno de um mesmo ideário, seguindo determinadas características. Na realidade, Pré-Modernismo é um termo genérico que designa toda uma vasta produção literária que caracterizaria os primeiros vinte anos deste século. Aí vamos encontrar as mais variadas tendências e estilos literários, desde os poetas parnasianos e simbolistas, que continuavam a produzir, até os escritores que começavam a desenvolver um novo regionalismo, outros preocupados com uma literatura política e outros, ainda, com propostas realmente inovadoras.
Por apresentarem uma obra significativa para uma nova interpretação de realidade brasileira, bem como pelo valor estilístico, limitaremos o Pré-Modernismo ao estudo de Euclides da Cunha, Lima Barreto, Graça Aranha, Monteiro Lobato e Augusto dos Anjos. Assim, abordaremos o período que se inicia em 1902 com a publicação de dois importantes livros - Os sertões, de Euclides da Cunha e Canaã, de Graça Aranha - e se estende até o ano de 1922, com a realização da Semana da Arte Moderna.

Características


Características
Apesar de o Pré-Modernismo não constituir uma escola literária, apresentando individualidades muito fortes, com estilos às vezes antagônicas - como é o caso, por exemplo, de Euclides da Cunha e Lima Barreto -, podemos perceber alguns pontos em comum entre as principais obras pré-modernistas.
Apesar de alguns conservadorismos, são obras inovadoras, apresentando uma ruptura com o passado, com o academismo; a linguagem de Augusto dos Anjos, ponteadas de palavras "não poéticas" como cuspe, vômito, escarro, vermes, era uma afronta à poesia parnasiana ainda em vigor; a denúncia da realidade brasileira, negando o Brasil literário herdado de Romantismo e Parnasianismo; o Brasil não oficial do sertão nordestino, dos caboclos interioranos, dos subúrbios, é o grande tema do Pré-Modernismo;
  • o regionalismo, montando-se um vasto painel brasileiro: o Norte e Nordeste com Euclides da Cunha; o Vale do Paraíba e o interior paulista com Monteiro Lobato; o Espírito do Santo com Graça Aranha; o subúrbio carioca com Lima Barreto;
  • os tipos humanos marginalizados: o sertanejo nordestino, o caipira, os funcionários públicos, os mulatos;
  • uma ligação com fatos políticos, econômicos e sociais contemporâneos, diminuindo a distância entre a realidade e a ficção.
Nas últimas décadas do século XIX e nas primeiras do século XX, o Brasil também viveu sua bélle époque. Nesse período nossa literatura caracterizou-se pela ausência de uma única diretriz. Houve, isso sim, um sincretismo estético, um entrecruzar de várias correntes artístico-literárias. O país vivia na época uma constante tensão.
Nesse contexto, alguns autores refletiam o inconformismo diante de uma realidade sócio-cultural injusta e já apontavam para a irrupção iminente do movimento modernista. Por outro lado, muitas obras ainda mostravam a influência das escolas passadas: realista/naturalista/parnasiana e simbolista. Essa dicotomia de tendências, uma renovadora e outra conservadora, gerou não só tensão, mas sobretudo um clima rico e fecundo, que Alceu Amoroso Lima chamou de Pré-Modernismo. 
Quanto à prosa, podemos distinguir três tipos de obras:
Obras de ambiência rural e regional - que tem por temática a paisagem e o homem do interior.
 Obras de ambiência urbana e social - retratando a realidade das nossas cidades.
 Obras de ambiência indefinida - cujos autores produzem uma literatura desligada da realidade sócio-econômica  brasileira.
Características :  
 ruptura com o passado - por meio de linguagem chocante, com vocabulário que exprime a “frialdade inorgânica da terra”.
 inconformismo diante da realidade brasileira - mediante um temário diferente daquele usado pelo romantismo e pelo parnasianismo : caboclo, subúrbio, miséria, etc..
 interesse pelos usos e costumes do interior - regionalismo, com registro da fala rural.
 destaque à psicologia do brasileiro - retratando sua preguiça, por exemplo nas mais diferentes regiões do Brasil.
 acentuado nacionalismo - exemplo Policarpo Quaresma.
 Preferência por assuntos históricos.
 descrição e caracterização de personagens típicos - com o intuito de retratar a realidade política, e econômica e social de nossa terra.
 preferência pelo contraste físico, social e moral.
 sincretismo estético - Neo-Realismo, Neoparnasianismo, Neo-Simbolismo.
 emprego de uma linguagem mais simples e coloquial - com o objetivo de combater o rebuscamento e o pedantismo de alguns literatos.
Principais autores :
Na poesia: Augusto dos Anjos, Rodrigues de Abreu, Juó Bananére, etc..
Na prosa: Euclides da Cunha, Lima Barreto, Graça Aranha, Monteiro Lobato, Afonso Arinos, Simões Lopes, Afrânio Peixoto, Alcides Maia, Valdomiro Silveira, etc...
                O Pré-modernismo No Brasil




O PRÉ-MODERNISMO NO BRASIL
Foi o pensador e crítico literário Alceu Amoroso Lima, pseudônimo, TRISTÃO DE ATAÍDE, com a obra Contribuição a história do Modernismo, propôs o termo ?Pré-Modernismo que antecipa idéias e práticas modernistas.
A poesia apresenta correntes ligadas ao Parnasianismo e ao Simbolismo.
Na prosa de ficção é evidente id´rias do Realismo-Naturalismo, os autores regionalistas se destacam, como os gaúchos Simões Lopes Neto e Alcides Maia.
O Pré-Modernismo é a época do nacionalismo temático:crítico e contestador.Os tipos humanos marginalizados ganharam espaços nas obras literárias.Alguns autores optaram pela poetizaçao da linguagem científica, outros preferiram o uso de regionalismos.


EUCLIDES DA CUNHA em OS SERTÕES, revela a interpretação da realidade nacional, tendo como inspiração seu trabalho jornalístico em Canudos.
OUTRAS OBRAS:Contrastes e Confrontos, Relatório sobre o Alto Purus e Peru versus Bolívia.

LIMA BARRETO
No estilo simples fez uma literatura militante, criou alguns personagens que se tornaram símbolo de comportamento e valores sociais, como Policarpo Quaresma e Clara dos Anjos.
OBRAS:Triste fim de Policarpo Quaresma, Numa e Ninfa, Clara dos Anjos, Recordação do escrivão Isaías Caminha, Vida e Morte de M.J.Gonzaga de ´Sá.

MONTEIRO LOBATO

Considerado um contista regionalista , escritor combativo de literatura militante, apresentou a realidade social e mental do chamado Jeca Tatu.
Foi o mais importante escritor da literatura infantil brasileira.
OBRAS: Urupês, Cidades Mortas, Negrinha.
Sítio do Picapau Amarelo, Reinações de Narizinho, Viagem ao Céu, Memórias de Emília, O Minotauro, entre outros.

OUTROS AUTORES DO PRÉ-MODERNISMO
GRAÇA ARANHA (Canaã)
JOSE MARIA TOLEDO MALTA

AUGUSTO DOS ANJOS

Combina elementos parnasianos, simbolistas e expressionistas: preocupação formal, musicalidade, exagero e deformação expressivos.
Sua poesia é forte, chocante, agressiva, comunica-nos a angústia da falta de sentido à vida na decomposição e aniquilamento da carne.
EU, foi uma de suas obras, mais tarde passou a chamar-se Eu e outras poesias.
O MODERNISMO BRASILEIRO
O contato de alguns jovens intelectuais brasileiros com as Vanguardas Européias provocou a renovação da estética que eclodiu na SEMANA DA ARTE MODERNA,em 1922.Vista por alguns críticos como um evento mundano.
Os escritores da chamada fase heróica ou de ruptura do modernismo apresentam alguns pontos comuns:
*ataque às formas acadêmicas de arte
*defesa intransigente da liberdade de criação
*aprofundamento da investigação crítica da cultura e realidade nacionais.
*valorização da língua falada e de suas formas de recurso literário
MARIO DE ANDRADE
Sua obra baseada na exploração de formas, temas e vocabulário de origem folclórica, popular e regional, preocupada com questões sociais do país e do mundo.
OBRAS:Paulicéia Desvairada, O losango Cáqui, Clã do Jabuti, Amar , verbo Intransitivo, Macunaíma.
Sobre crítica literária Mário publicou:?A escrava que não é Isaura?.

OSWALD DE ANDRADE

Sua obra tem visão crítica e bem humorada da cultura brasileira, um exemplo disso está na poesia ?Pau Brasil?, uma poesia de ?exportação?, capaz de explicitar as marcas da nossa brasilidade.
OBRAS:Os Condenados, Memórias sentimentais de João Miramar, Serafim Ponte Grande, Marco Zero Ie Manifesto Antropófago.
MANUEL BANDEIRA
Bandeira tornou-se um clássico entre os modernistas, explorou a riqueza expressiva da linguagem antiacadêmica e as possibilidades rítmicas do verso livre à perfeição.
OBRAS:Cinza das Horas, Carnaval, O Ritmo Dissoluto, Libertinagem,Estrela da manhã,Belo belo, Opus. Itinerário de Pasárgada- espécie de auto- biografia.
ANTONIO DE ALCANTARA MACHADO
Seu livro de contos Brás, Bexiga e Barra Funda é sua principal obra.




















Momento Histórico

                                                                  
                                                                Momento Histórico
                                                  Contexto histórico
  

Pontos de conflito no Brasil pré-modernista.
Para os autores, o momento histórico brasileiro interferiu na produção literária, marcando a transição dos valores éticos do século XIX para uma nova realidade que se desenhava, essencialmente pautado por uma série de conflitos como o fanatismo religioso do Padre Cícero e de Antônio Conselheiro e o cangaço, no Nordeste, as revoltas da Vacina e da Chibata, no Rio de Janeiro, as greves operárias em São Paulo e a Guerra do Contestado (na fronteira entre Paraná e Santa Catarina); além disso a política seguia marcadamente dirigida pela oligarquia rural, o nascimento da burguesia urbana, a industrialização, segregação dos negros pós-abolição, o surgimento do proletariado e: finalmente, a imigração europeia.
Além desses fatos somam-se as lutas políticas constantes pelo coronelismo, e disputas provincianas como as existentes no Rio Grande do Sul entre maragatos e republicanos.
Outras manifestações artísticas
A música assistiu, desde o lançamento da primeira gravação feita no país por Xisto Bahia, a uma penetração nas camadas mais elevadas de manifestações até então restritos às camadas mais populares – ritmos tais como o maxixe, toada, modinha e serenata. É o tempo em que a capital do país, então o Rio de Janeiro, assiste ao crescimento do carnaval, ao sucesso de compositores como Chiquinha Gonzaga e o nascimento do samba em sua versão recente.
Na música erudita, o nome representativo foi o de Alberto Nepomuceno, de composições de “intenção nacionalista”.
Na pintura, tendo como principal foco a Escola Nacional de Belas-Artes, no Rio de Janeiro, vigorava o academicismo, passando despercebida a exposição feita em 1913 pelo lituano Lasar Segall. Apenas em 1917 uma forte reação à exposição de Anita Malfatti expõe o confronto que redundaria na Semana de Arte Moderna de 1922 (vide, mais abaixo, texto de Monteiro Lobato sobre essa exposição).